"...há gatos de rua, abandonados de fresco ou vagabundos de nascimento, que de vez em quando nos batem à porta para nos pedir comida, cuidados e atenção. Quase sempre, enquanto lhes damos uma taça de comida ou lhes limpamos alguma ferida, contam-nos a história da sua vida e, na esmagadora maioria dos casos, acabam por confessar o mesmo desejo secreto…chiiiuu…uma casa nova…e um dono simpático…"

quinta-feira, 20 de março de 2008

Mia!



A Mia ainda é uma menina. Bateu-nos à porta há cerca de 7 meses e tem partilhado connosco a sua história desde então. Filha da Dona Urraca, uma linda senhora que em breve visitará este blog, nasceu na rua e por lá tem crescido, sofrendo na pele as desvantagens de ser um gato vadio. É verdade que há muitos gatos vadios que vivem muito bem como estão e que nunca precisaram de um dono, e ainda bem que é assim. Mas a Mia não é gato de quintal nem de terreno baldio, vive numa rua cheia de carros, onde já vimos morrer dezenas de gatos. Na verdade, a Mia habitou-se demasiado à presença dos carros e ganhou o hábito (irritante…) de os ignorar. Pois bem, num desses dias em que a Mia estava ocupada demais a correr atrás de uma folha seca para reparar no que quer que fosse, foi atropelada. Nada de grave, mas também nada de bom. Nada fora do lugar, nada de patas partidas, nada de arranhões mas, ooops…a cauda! A Mia deixou de sentir a cauda e perdeu parte dela. Mais uma história de gatos com um final triste? Nem por isso, os gatos são imprevisíveis… quando já dávamos voltas olímpicas à cabeça a pensar numa maneira de juntar dinheiro (graaande problema) para pagar a amputação da cauda da menina, ela recuperou a sensibilidade e cicatrizou.
Hoje a Mia é um animal bonito e bem-disposto e tem cauda suficiente para ser um gato como outro qualquer. É muito dócil, come quase de tudo, adora colo e mimos e corre um perigo constante de morrer atropelada, como quase todos os seus irmãos. Ignorando este perigo, a Mia é um gato feliz. Mas tem um hábito estranho: assim que vê uma porta aberta corre desesperadamente e faz de tudo para entrar.
Perguntámos-lhe uma vez, enquanto ela corria: "Por que fazes isso, Mia?". Ela hesitou, mas respondeu: "Gostava de ver como é estar numa casa, um dia…"




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